Politicas com verdadeiro pendor pelo desenvolvimento sustentável, não são elas próprias sustentáveis sem uma cidadania informada, esclarecida e participativa. Isto e' tanto mais verdade num recurso vital como a água, que depende tanto de comportamentos individuais como de instituições fortes em defesa do bem comum inter-geracional, capazes de resistir a pressões conjunturais e interesses especiais. A experiencia tem-nos vindo a ensinar que a sustentabilidade dos recursos naturais exige um quadro regulador com mecanismos de monitorização e "enforcing" eficazes e sustentáveis - mais uma vez impossiveis sem instituiçoes com sólidas raizes na comunidade e ancoradas numa cidadania forte.

A revolucão nas tecnologias de informacão e comunicacão (TIC) cria condições para mecanismos inovadores de monitorizacão e participacão publica, numa escala sem precedentes. Apresentam-se exemplos concretos. Mas não basta atirar com tecnologia para cima do sistema, envolver grupos civicos e misturar e mexer os ingredientes. E' preciso compreender a natureza da tecnologia, o seu impacto nas instituições publicas, nao-governamentais e nos processos de decisão. E' preciso compreender como as novas tecnologias vem agitar a dinamica entre "stakeholders" e colocar novos desafios ao quadro regulador. E e' preciso enfrentar a evidencia que mostra que a propria tecnologia nao e' neutra. Como nao e' indiferente quem a desenvolve e difunde, em que moldes e com que objectivo. Por isso precisamos de agitar a investigacão para além dos conceitos instalados; precisamos de uma comunidade tecnica e cientifica pro-activa, que nao se limite a misturar os ingredientes politicamente correctos, para o desenho das cidades do futuro - e para garantir um futuro com água.