Questões sobre o EIA da CTRSU de S.João da Talha

(Informação)


F - Que medidas estão previstas para controlar as emissões atmosféricas?


E.I.A.:


Das principais áreas funcionais estruturantes do processo tecnológico desenvolvido na CTRSU, destaca-se o:

"Tratamento de Gases de Combustão [é] formado por:

- Sistema de redução de emissões de Nox;

- Reactores de neutralização de gases ácidos;

- Adsorpção em carvão activado de metais pesados e dioxinas/furanos;

- Sistema de despoeiramento ou retenção de partículas;

- Chaminé para emissão dispersiva de gases tratados." [MDP, pag. 17]

Seguidamente apresenta-se a descrição do tratamento das emissões gasosas:

"Cada uma das três linhas (ou quatro, no caso de ampliação) de processamento de RSU disporá de um sistema de tratamento de gases autónomo, de modo a aumentar a fiabilidade do conjunto e a flexibilidade de utilização. As emissões gasosas serão sujeitas a tratamento antes de serem lançadas na atmosfera. O sistema de tratamento de gases é constituído por: Sistema de remoção de alguns componentes gasosos (tóxicos) e partículas. Um ventilador de tiragem induzida, localizado após o sistema de tratamento e uma chaminé de dispersão de gases, com possibilidade para três (ou quatro, no caso de ampliação) fugas.

Os sistemas de tratamento, dimensionados para tratar a totalidade dos gases de combustão provenientes de uma linha forno/caldeira, serão idênticos entre si, tendo sido concebidos por forma a garantir, para todos os regimes de funcionamento, o cumprimento da legislação vigente aplicável, bem como dos valores limite de emissões atmosféricas fixados voluntariamente pela VALORSUL (para alguns parâmetros, os valores fixados são mais rigorosos que o estipulado na legislação nacional e internacional).

Apresenta-se no Quadro 1 a composição média dos gases de combustão à saída da chaminé, para um caudal de 3 x 153 400 Nm3/h.

Quadro 1 - Composição dos gases de combustão à saída da chaminé

Composição Média
O2 (%)*
8,14
CO2 (%)*
7,3
N2 (%)*
63,2
H2O (%)*
21,33
Composição Garantida
Partículas totais (mg/Nm3)
20
Pb+Cr+Cu+Mn (mg/Nm3)
1
Ni+As (mg/Nm3)
0,5
Cd+Hg (mg/Nm3)
0,1
HCl (mg/Nm3)
20
HF (mg/Nm3)
1
SO2 (mg/Nm3)
50
NOx (mg/Nm3)
250
CO (mg/Nm3)
50
TOC (mg/Nm3)
10
PCDD+PCDF (ng TEQ/Nm3)
0,1

Fonte: VALORSUL[RS, pág. 21, parág. 1,2,Quadro 1]

"Os valores previstos de dioxinas e furanos permitirão o cumprimento dos limites impostos pela legislação mais exigente a nível internacional para estes parâmetros, nomeadamente em vigor na Holanda e Alemanha. Para os restantes parâmetros (partículas, HCl, SO2, HF, Cd, Hg e outros metais pesados) os valores de emissão previstos são também mais restritivos, nomeadamente do que os que são impostos pela legislação nacional e comunitária.

Na eventualidade da instalação de uma quarta linha de tratamento de resíduos, esta será também equipada com um sistema de tratamento de gases autónomo. Na concepção da Central foi ainda contemplada a possibilidade de expansão do sistema de tratamento de gases, pois disposições legais futuras mais exigentes poderão levar a rever os níveis de emissão.

Cada linha de tratamento de gases será constituída por um sistema de remoção de gases ácidos do tipo 'semi-seco', seguido de um sistema de remoção de partículas dos gases de combustão.

A adição de carvão activado, para remoção adicional de dioxinas, furanos e metais pesados, bem como a injecção de amónia na câmara de combustão, para redução do teor de NOx, completam o sistema de tratamento de gases a instalar. Trata-se, em qualquer dos casos, de tecnologias comprovadas de aplicação generalizada neste tipo de processo de tratamento de RSU.

Todos os sistemas disporão ainda da instrumentação e dos encravamentos necessários ao seu correcto controlo, protecção e registo de informação.

Prever-se-ão, igualmente, pavimentos, galerias e escadas de acesso a todos os locais do sistema de tratamento de gases onde a presença de pessoal de operação ou manutenção possa vir a ser necessária.

A remoção de gases ácidos será efectuada em reactores do tipo 'semi-seco', por meio da sua neutralização com uma suspensão aquosa de hidróxido de cálcio (leite de cal)." [RS, pag. 22]

"Os reactores de neutralização, construídos em aço-carbono, funcionarão em co-corrente com fluxo descendente dos gases de combustão, e disporão de dispositivos de atomização do reagente de neutralização em materiais de elevada resistência ao desgaste, e de promotores do efeito de turbilhonamento dos gases. A turbulência dos gases de combustão e a pulverização da suspensão de leite de cal promovem um estreito contacto gás-sólido, aumentando a eficiência do processo de remoção.

Adequadas cadeias de controlo permitirão a regulação do caudal de leite de cal a injectar e da temperatura de saída dos gases, esta última obtida por meio da injecção de água à entrada dos reactores.

O tempo de residência dos gases no reactor à temperatura mínima de 850 ĄC é superior a 2 s, respeitando a legislação em vigor. A temperatura de saída dos gases é de cerca de 140 ĄC.

Para além de um reactor de neutralização por linha, o sistema de remoção dos gases ácidos compreenderá ainda um silo para armazenagem da cal e os equipamentos e demais infraestruturas necessários à preparação do leite de cal. O silo, construído em aço-carbono, terá uma capacidade útil de armazenamento suficiente para assegurar uma autonomia de abastecimento de 15 dias. Disporá ainda de filtro de retenção de poeiras e de válvula de segurança.

O consumo garantido de cal é de 8 kg/t de resíduos incinerados. O equipamento de preparação do leite de cal, comum às linhas de tratamento, engloba dois tanques de apagamento de cal e dois tanques de armazenagem do leite de cal, sendo dotado das redundâncias necessárias para assegurar a fiabilidade do conjunto.

As bombas de alimentação de leite de cal serão em número de duas, sendo uma reserva da outra, e conduzirão a suspensão de absorvente desde os tanques de armazenagem até aos dispositivos de atomização dos reactores. Para minimizar a deposição de cal nas tubagens, o leite de cal será mantido em recirculação, com retorno aos tanques de armazenagem." [RS, pag. 24]

"Serão instalados dispositivos para minimizar os efeitos da libertação de poeiras e de vapor na zona de preparação do leite de cal, bem como chuveiros/lava-olhos de emergência.

O sistema de remoção de dioxinas, furanos e metais pesados consiste na adição de carvão activado ao leite de cal a injectar nos reactores de neutralização. Compreenderá um silo para armazenamento do carvão activado e os equipamentos e dispositivos necessários para a extracção e alimentação do carvão activado aos tanques de armazenagem do leite de cal.

O silo, construído em aço-carbono, terá uma capacidade útil de armazenamento de 55 m3, suficiente para uma autonomia de 15 dias para quatro linhas à carga nominal. Disporá ainda de um sistema de protecção contra incêndios, por inertização com azoto desencadeada pelo aumento da temperatura, de filtro de retenção de poeiras e de válvula de segurança.

O consumo garantido de carvão activado é de 460 g/t de resíduos incinerados.

A Central será apetrechada com despoeiradores de gases de elevado rendimento do tipo filtro de mangas ('bag filters'), a fim de captar as partículas contidas nos gases de combustão, evitando assim a sua emissão para a atmosfera.

Será instalado um filtro de mangas a jusante de cada um dos reactores de neutralização, estando-lhes associado o equipamento de manuseamento dos resíduos sólidos removidos necessário ao seu envio para os silos de armazenamento temporário respectivos.

Cada filtro será composto por uma caixa em aço, dispondo de 6 câmaras independentes com 289 mangas cada, sendo possível proceder-se à substituição de mangas com filtros em funcionamento.

As mangas, em fibra de vidro com tratamento anti-ácido de teflon, disporão de uma superfície unitária de filtração de 2,3 m2, apresentando uma elevada resistência às altas temperaturas (a temperatura máxima de utilização em contínuo é 250 ĄC). O tempo de vida útil médio previsto é de dois anos." [RS, pag. 25]

"Os gases de combustão provenientes do reactor de neutralização atravessarão as mangas de filtração no sentido do exterior para o interior, ficando as partículas em suspensão retidas no lado de fora das mangas.

Os filtros disporão de dispositivos automáticos de limpeza das mangas 'on-line', do tipo impulso de ar comprimido ('jet pulse'), controlados por medição de pressão diferencial - como indicador do nível de colmatação das mangas.

As tremonhas de recolha dos sólidos colectados nos filtros, disporão de isolamento térmico e traçagem eléctrica.

O sistema de redução dos óxidos de azoto (NOx) com que a Central será dotado baseia-se no processo de redução selectiva não catalítica (SNCR) por meio da injecção de uma solução aquosa de amoníaco a 25% (amónia) na câmara de combustão. O sistema compreenderá um reservatório para armazenamento de amónia e o equipamento necessário para a vaporização, distribuição e injecção da amónia.

O reservatório de armazenagem, em aço-carbono, ficará localizado numa bacia de retenção em zona afastada do corpo da Central, e terá uma capacidade útil de armazenamento de 140 m3, suficiente para uma autonomia de 15 dias para quatro linhas à carga nominal. O reservatório disporá ainda de estação de abastecimento, estação de bombagem e de dispositivos de segurança específicos.

O consumo garantido de amónia é de 785 g/t de resíduos incinerados. A amónia vaporizada em aquecedores eléctricos será injectada na câmara de combustão, com o auxílio de ar comprimido, através de 36 injectores. Os injectores serão instalados em três zonas distintas da câmara de combustão, o que permitirá a optimização da gama de temperaturas adequada à reacção de redução dos NOx, em função da variação da carga térmica do forno. A regulação do caudal de amónia a injectar em cada um dos níveis será também função do teor de NOx dos gases." [RS, pag. 26]

"A caldeira e todo o sistema de tratamento de gases funcionarão em ligeira depressão, provocada por um ventilador de tiragem induzida do tipo centrífugo, com regulação de caudal através de um registo situado na aspiração." [RS, pag. 27]

Para a verificação do funcionamento da CTRSU "Os planos de monitorização apresentados têm em vista acompanhar as diferentes fases do empreendimento, desde a pré-construção, construção e exploração até à desactivação.

O programa de monitorização a efectuar deverá abranger de forma interligada a qualidade do ar, qualidade da água, bio-ecologia, ruido, vigilância da saúde humana, níveis de risco e psicologia social. Estes planos devem ser iniciados ainda antes da construção da CTRSU." [RS, pag. 144]

"Para a fase de exploração da central incineradora propõe-se o desenvolvimento de programas de monitorização com o objectivo de controlar rigorosamente os níveis de emissão gasosas (...)." [RS, pag. 142]

"Será (...) implementado um sistema de monitorização e de controlo com as seguintes componentes e características:

Toda a informação pode ser disponibilizada e enviada 'on line' para a Câmara Municipal de Loures e fornecida a toda a população interessada." [RS, pag. 19]

Em termos de leitura dos resultados da monitorização, "Para informação do estado de poluição atmosférica serão produzidos relatórios com possibilidade de visualização em monitores ou impressão. Os relatórios serão enviados para a Câmara Municipal de Loures (através de rede informática) e estarão disponíveis para o público interessado." [RS, pag. 31]



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Resposta: - Não Técnica - Mais ou menos Técnica - Técnica