Questões sobre o EIA da CTRSU de S.João da Talha

(Informação)


D - Qual será o acréscimo de poluição atmosférica resultante da actividade da incineradora?


E.I.A.:


"Da análise dos dados, verifica-se que o acréscimo anual de emissões que poderão resultar da actividade da incineradora (no horizonte de projecto, ou seja, com as quatro linhas previstas em funcionamento), é muito reduzido na maioria dos poluentes.

O seu contributo é relativamente mais significativo no caso dos metais pesados, em especial no grupo que inclui o Cd+Hg. De qualquer forma, dadas as incertezas associadas às estimativas da situação de referência, para este tipo de poluentes, não se pode tirar nenhuma conclusão objectiva.

Em relação às dioxinas, as emissões anuais da unidade de incineração atingem cerca de 500 mg TEQ/ano, contra 3 516 mg TEQ/ano estimadas para as fontes consideradas na situação de referência, o que representa um acréscimo de 14 % nas emissões deste poluente, no horizonte do projecto em análise.

Na análise à escala local, foram efectuadas as simulações da dispersão na atmosfera, do SO2, das partículas, dos metais pesados e das dioxinas emitidas. Em todos os casos, utilizaram-se as emissões das principais fontes existentes na região em estudo, incluindo também as emissões previstas para a unidade de incineração de resíduos sólidos urbanos localizada em S. João da Talha.

Como emissões para a atmosfera da unidade de incineração, utilizaram-se os limites garantidos pela entidade que a explorará, considerando como condições de emissão da fonte (tais como altura, diâmetro interno da chaminé, temperatura do efluente à saída para a atmosfera e caudal volúmico) as fornecidas pelo consórcio.

Após serem efectuadas as corridas do modelo de base local, e a partir dos resultados obtidos, procedeu-se à construção dos percentis, seleccionando-se o P50 e o P98. A estimativa do percentil 50 (P50) fornece indicações sobre a qualidade do ar em termos temporais médios, estando geralmente associado a situações crónicas de poluição atmosférica. O percentil 98 (P98) relaciona-se com situações críticas em termos de qualidade do ar, estando geralmente associado a episódios de poluição atmosférica.

Os resultados das simulações, quer de estimativa do P98, quer do P50, relativos à concentração de SO2, são consideravelmente idênticos, quer em termos dos padrões de distribuição, quer em termos de níveis de concentração, aos resultados obtidos para a simulação de referência (Figura 19).

Os valores de pico situam-se ao longo da faixa ribeirinha do concelho de Lisboa, atingindo-se níveis máximos compreendidos entre os 180 µgm-3 e os 205 µgm-3, sendo estes inferiores ao limite imposto pela legislação (250 µgm-3). Quanto à distribuição dos valores de P50 para o SO2, verifica-se que os níveis mais elevados se situam de igual modo ao longo da faixa ribeirinha e a Noroeste do Concelho de Lisboa, podendo atingir-se aí valores da ordem dos 35 µgm-3, enquanto na zona de implantação do projecto os valores de P50 poderão oscilar entre os 15 µgm-3 e os 20 µgm-3, valores estes inferiores ao contemplado na legislação (100 µgm-3).

No que diz respeito à distribuição dos valores de P98 e P50 das concentrações médias diárias de partículas ao nível do solo, tendo em conta a unidade de incineração, verifica-se que apenas surge um pequeno acréscimo na dimensão das manchas correspondentes.

Relativamente aos metais pesados e dioxinas, obtiveram-se os seguintes valores de máximos (Quadro 8):

Quadro 8 - Concentrações médias diárias (P50 e P98) de metais pesados e dioxinas ao nível do solo

P50 (ng/m3)
P98 (ng/m3)
Pb+ Cr+Cu+Mn
180
1300
Ni+As
90
600
Cd+Hg
4
27
PCDD/PCDF
50 (fg TEQ/m3)
250 (fg TEQ/m3)

Os valores obtidos para os cenários de P50 e P98 são semelhantes à situação de referência no que diz respeito aos níveis de concentração máxima e aos padrões de distribuição dos referidos níveis. Verifica-se contudo um pequeno acréscimo na dimensão das manchas relativamente à situação de referência.

No que respeita unicamente às emissões da CTRSU, obtiveram-se os seguintes resultados para as situações de P50 e P98:

Quadro 9 - Acréscimo de concentração (P50 e P98) ao nível do solo devido ao funcionamento da CTRSU

P50 (ng/m3)
P98 (ng/m3)
Pb+ Cr+Cu+Mn
17,5
37,5
Ni+As
8
17,5
Cd+Hg
1
3,5
PCDD/PCDF
1 (fg TEQ/m3)
2,5 (fg TEQ/m3)


Verifica-se que os acréscimos resultantes do funcionamento da CTRSU, em termos das emissões de metais pesados e dioxinas, são pouco significativos comparativamente aos valores que se observam actualmente (situação de referência), tendo mais relevância para o caso do agrupamento Cd+Hg, como se pode observar no Quadro 9 e nas figuras seguintes.

No caso de P50 percentual a variação potencial que poderá ocorrer é de 9, 8, 25 e 2 %, respectivamente para o caso de Pb+Cr+Cu+Mn (ng/m3),Ni+As (ng/m3), Cd+Hg (ng/m3) e PCDD/PCDF (fg TEQ/m3).

No caso do P98 o valor potencial é de 3 % para o Pb+Cr+Cu+Mn (ng/m3) e Ni+As (ng/m3), 13% para o Cd+Hg (ng/m3) e 1% para PCDD/PCDF (fg TEQ/m3).

Estes acréscimos, no entanto, e dado o seu padrão espacial, têm praticamente reflexos reduzidos, facto que origina apenas ligeiros aumentos das áreas de distribuição das concentrações.Tal tem especial incidência no caso do Pb+Cr+Cu+Mn. A respectiva contribuição em termos de acréscimos pode ser visualizada nas duas figuras seguintes:

(a)

(b)

Figura 20- Contribuições da CTRSU para os Valores de Qualidade do Ar (P50 e P98)

Tais dados levaram a que os impactes foram avaliados neste descritor (e nos restantes indirectos dai decorrentes) em reduzidos, dado que os acréscimos induzidos pela CTRSU em qualidade do ar são muito pequenos, quer na situação de P50, quer na situação de P98.

Figura 21 - Linhas de Isoconcentrações médias diárias de dioxinas a nível do Solo (P50) [EIA- Vol3, TII, Parte2, pag. 93] Salienta-se ainda que, os valores máximos destes poluentes, no caso do funcionamento da CTRSU, ocorrem no estuário do Tejo, ao contrário da situação de referência, em que os valores de pico se encontram na zona de Lisboa.Esse facto leva a que os valores que ocorrem em terra, sejam ainda inferiores a esses valores máximos.

Os aspectos anteriormente apresentados, levam a que a afectação da qualidade do ar, pelos micropoluentes decorrentes da CTRSU tenham um significado relativamente reduzido.

Na análise à escala regional foi considerada a mesma situação sinóptica e simulados os mesmos poluentes anteriormente considerados para a caracterização da situação de referência. As emissões da fonte foram consideradas como sendo as dos valores de emissões garantidas pelo proponente do projecto.

Para a região da Grande Lisboa atingiram-se valores relativamente elevados para os contaminantes em análise, enquanto o local de implantação propriamente dito da CTRSU apresenta concentrações de referência baixas. Isto implica que, embora face à situação de referência se possam atingir acréscimos percentuais significativos para alguns poluentes, as concentrações mantêm-se abaixo dos valores impostos pela legislação em vigor.

Assim, em termos de óxidos de azoto, as diferenças máximas face à situação de referência são da ordem dos 22 µgm-3, o que significa que a área mais afectada poderá passar para cerca de 24 µgm-3, sendo este valor considerado ainda bastante baixo.

Para o ozono a análise é semelhante. Assim, as diferenças máximas face à situação de referência são da ordem dos 32 µgm-3, o que significa um incremento da ordem dos 34 % face à situação de referência. Esta variação implica que na área mais afectada se podem atingir valores da ordem dos 123 µgm-3 de concentração média horária, considerando a situação de referência modelada. Tal como no caso anterior, este valor não atinge o valor especificado pela legislação para este poluente (180 µgm-3).

Para os compostos orgânicos não foram detectadas diferenças significativas (diferenças abaixo de ppb) entre a situação de referência e a situação com a implantação da CTRSU no terreno." [RS, pag. 87 a 94]



Indice Geral | D - Impactes do projecto | Glossário | Inquérito | IPAMB


Resposta: - Não Técnica - Mais ou menos Técnica - Técnica