Questões sobre o EIA da CTRSU de S.João da Talha
"Uma central de tratamento de resíduos sólidos enquadra-se num conjunto de instalações dificilmente aceites pelas populações....Estes projectos têm em comum o facto de corresponderem a uma necessidade (neste caso a redução do volume dos resíduos produzidos) sentida a nível de uma região alargada (neste caso os Concelhos de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira), mas simultaneamente concentrarem os seus inconvenientes numa zona limitada (neste caso, S. João da Talha). Na mesma perspectiva, a forma como as comunidades reagem a estas propostas têm sido caracterizadas como 'no meu quintal não' (NIMBY, na literatura anglosaxónica para Not In My BackYard), tentando dar conta de um reconhecimento pela comunidade potencialmente afectada da necessidade do projecto ao nível regional, mas simultaneamente da recusa local em o aceitar.
Esta caracterização simplista da posição das comunidades locais remeteu frequentemente para uma desqualificação da posição das populações como egoísta, insensível necessidades mais globais ou mesmo irracional. No entanto, os trabalhos mais recentes (e.g. Freudenburg, e Pastor, 1992) têm vindo a mostrar que estes juízos de valor sobre a posição das comunidades são apressados, e que a descrição da situação como 'no meu quintal, não' esconde a racionalidade própria das localidades." [EIA, Vol.3, TXIV, pag. 5]