Projecto IMS

Sistema Multimedia Inteligente para Apoio á Consulta Técnica e Pública

Janeiro 1998

Pedro Ferraz de Abreu*

pfa at mit.edu

Indice Geral

Introdução | Problema | Metodologia | Fases de Execução | Sistema | Taxonomias | Experiência | Discussão de resultados | Conclusão | Agradecimentos | Bibliografia | Anexos


Metodologia


Introdução Modelos para Hipótese Modelo de processos de decisão Modelo de processo de participação Modelo de representação de dados e conhecimentos Modelo de aquisição de dados e conhecimentos Modelo de utilização



Introdução

 

Tendo em conta a dualidade do objectivo deste projecto, ou seja, as suas componentes de análise de processo e de analise tecnológica, a metodologia adoptada apoia-se em três opções:

Primeiro, organizar o projecto em torno do estudo de um caso em particular, neste caso, o processo de consulta do estudo de impacto ambiental para a construção da CTSRU de S. João da Talha;

Segundo, construir modelos hipotéticos que permitam enquadrar o estudo e análise do impacto da introdução das novas tecnologias de informação aqui em causa (neste caso concreto, internet, multimedia e inteligência artificial); o impacto da sua própria utilização; e a natureza da tecnologia introduzida.

Terceiro, recolher, tanto quanto possível, mais dados do que aqueles estritamente necessários para o objecto preciso deste estudo, para permitir uma continuidade do estudo em futuro projecto, tendo em conta que o custo adicional envolvido em obter dados complementares é certamente inferior ao custo de reproduzir contextos e repetir experiências em projectos que venham a continuar o presente.



Modelos para Hipótese

No que respeita ao segundo principio metodológico, a utilização de modelos hipotéticos, foram construídos os seguintes modelos:

1) um modelo de representação de dados e conhecimentos, particularmente vocacionado para o apoio à utilização em causa, ou seja, apoio à consulta publica e à consulta técnica num estudo de impacto ambiental e na sua avaliação;

2) um modelo de aquisição de dados e de conhecimentos, para o mesmo objectivo;

3) um modelo de utilização individual, que se subdivide em duas componentes: uma de utilização da Internet e dos meios à sua disposição, ou seja, o correio electrónico e a teia mundial (WWW); a outra, um modelo de utilização de protótipo software em micro-computador desktop;

4) um modelo de processo de participação;

5) um modelo de processo de decisão.

Passo a descrever sucintamente cada um destes modelos e as componentes metodológicas na sua implementação.



Modelo de processos de decisão

Em termos de meta-metodologia, o primeiro modelo a ter de ser definido, dado que outros dependem dele, é o modelo de processos de decisão. Nomeadamente, este modelo define o universo de utilizadores pretendido para esta experiência, ou seja, o público - alvo. A aproximação utilizada neste caso foi considerar a síntese do modelo actual de processos de decisão e considerar os aspectos nos quais a introdução das novas tecnologias de informação, em concreto, as tecnologias em estudo em termos de multimedia, Internet e inteligência artificial poderiam introduzir algumas alterações.

De forma resumida, o modelo de processo de decisão em vigor (aquando da realização deste trabalho) consiste (ou consistia) em:

a) após o promotor do projecto de desenvolvimento ter apresentado o Estudo de Impacto Ambiental à entidade competente que instrói o processo, neste caso, a Direcção Geral do Ambiente, é verificado se o estudo satisfaz todos os requisitos legais, sendo devolvido ao promotor para modificação ou complementação em caso de necessidade;

b) sendo então aberto processo de consulta publica e designada uma comissão de avaliação;

c) o processo de consulta publica está assim enquadrado no processo mais global de avaliação do Estudo de Impacto Ambiental e o relatório de consulta publica é um dos componentes do relatório final de avaliação;

d) a comissão de avaliação submete um parecer sobre o estudo, o qual é considerado pelo Ministro do Ambiente que, tendo em conta esse parecer, mas não o seguindo necessariamente, emitirá o seu aval, com ou sem reservas, ou a sua rejeição, expressa em termos de recomendação negativa, no que respeita à autorização do projecto de desenvolvimento;

e) na lei em vigor por altura deste caso, tal recomendação da parte do Ministério do Ambiente não era vinculativa para a acção governamental. A recomendação do Ministério do Ambiente pode também incluir, e assim acontece com frequência, um conjunto de recomendações ou restrições implicando quer estudos complementares quer modificações no traço original do projecto de desenvolvimento.

Para construção do nosso (novo) modelo tivemos em conta que existem três partes fundamentais no corrente processo de decisão, onde pode subsistir algum impacto de introdução das novas tecnologias.

* O primeiro aspecto diz respeito à forma, conteúdo e apresentação do Estudo de Impacto Ambiental pelo promotor do projecto.
 
* A segunda parte diz respeito à natureza do Resumo Não-Técnico e à sua relação com o resto do estudo.
 
* A terceira parte diz respeito ao modo de funcionamento da Comissão de Avaliação, em particular, a divisão de trabalho por áreas temáticas e a articulação entre a avaliação técnica e a consulta publica, assim como a avaliação da própria consulta publica.

 

Temos assim que no nosso modelo, no que respeita à primeira parte, se pôs a hipótese de que as novas tecnologias de informação possibilitarão, com vantagem, que o Estudo de Impacto Ambiental do promotor do projecto inclua desde já, quer como complemento, quer como reorganização da actual estrutura, a melhor articulação entre o conteúdo técnico do mesmo estudo e o seu Resumo Não-Técnico para efeitos de facilitar a consulta publica; assim como a sua entrega em meio digital, ou seja em qualquer suporte magnético ou óptico, e em formato directamente digerível por computador, e, em particular, pela Internet.

No que respeita à segunda parte, põe-se a hipótese de que as novas tecnologias permitem repensar precisamente a natureza do Resumo Não-Técnico, de tal forma a permitir que, em vez deste Resumo Não-Técnico, subsista um resumo que tanto pode ser pode ser percorrido a um nível relativamente superficial do ponto de vista técnico, como percorrido em mais detalhe e justificação técnica, pontualmente, de acordo com a motivação, a preparação e o desejo de cada utente deste resumo; sendo que esse percurso se pode configurar em forma de hipertexto, usando, evidentemente, um meio electrónico, informático, complementando o resumo editado em papel. Tal percurso responde melhor às necessidades dos que usam este resumo e dos que o têm de produzir.

Em relação à terceira parte, a hipótese é de que o novo meio informático, acrescido de técnicas extraídas de inteligência artificial e da utilização da Internet e do multimedia, facilitará a integração multidisciplinar e multi-instituição da própria Comissão de Avaliação, o que permitirá, inclusivamente, uma melhor avaliação dos efeitos sinergéticos em avaliação.



Modelo de processo de participação

O segundo modelo construído diz respeito ao modelo de processo de participação.

O corrente modelo de participação em vigor consiste:

a) no envio do Resumo Não-Técnico a diversas associações e entidades;

b) na possibilidade do cidadão se deslocar a uns quantos poucos locais onde o estudo se encontra depositado, como seja o IPAMB, as Câmaras Municipais envolvidas na área do projecto, e

c) na eventual realização de audiências publicas, sendo que a participação do cidadão se tem de efectuar por escrito ou por intervenção identificada nas ditas audiências, que no entanto, são mais dirigidas a responder a questões da audiência do que necessariamente para esta expor posições;

d) No final, é compilado um documento, que se encontra à disposição no IPAMB, onde se incorpora o essencial da participação do cidadão nas ditas audiências e a que foi enviada por escrito.

 

A hipótese é que as novas tecnologias permitirão uma participação mais ampla, e assim melhor formular uma opinião informada:

1) ao tornar acessível através de meios como a Internet, não só o Resumo Não-Técnico como mais informação de caracter técnico;

2) ao possibilitar um melhor conhecimento dos problemas que vão sendo levantados, ainda durante a consulta publica e não só depois do período da consulta publica, e, finalmente, no melhor acesso dos cidadãos por via das novas tecnologias, tanto aos responsáveis pelo processo da consulta e pelos promotores do projecto, como às opiniões avalizadas de peritos de diferentes áreas e quadrantes, desde universidades, institutos, da Administração Publica, do promotor, de organizações ambientais.



Modelo de representação de dados e conhecimentos

 

Ainda dentro da ordem aconselhada em termos de meta-metodologia, o modelo que se constrói de seguida é o modelo de representação de dados e conhecimentos, uma vez que deste dependem os modelos de aquisição e mesmo de utilização.

Para a construção do modelo de representação de dados e conhecimentos foram considerados e analisados os diferentes paradigmas de representação actualmente conhecidos. Após um processo de brainstorming e de entrevistas a um painel de peritos, e com base nas considerações extraídas das diferentes alternativas, tendo em conta não só a melhor adequação mas também a melhor exequibilidade, dado o curto espaço de tempo disponível para a implementação do protótipo, foi adoptado um modelo de pergunta-resposta, conhecido internacionalmente como o FAQ, sigla de Frequentely Asked Questions.

A elaboração desta FAQ teve o apoio do referido painel de peritos e de elementos responsáveis da Administração Publica, tanto central, regional como da autárquica, assim como com os próprios promotores do projectos. Foi assim conseguido um conjunto de perguntas, para as quais, depois de devidamente organizadas e estruturadas, se procurou obter respostas novamente através, preferencialmente, do processo de entrevistas ao mesmo tipo de entidades, acrescentando, neste caso, a preocupação de ter um equilíbrio entre o promotor do projecto e entidades críticas do projecto, como as associações de defesa do ambiente.

O formato de pergunta-resposta pressupôs sempre um corpo de texto, mesmo que esse texto se exprimisse através de uma gravação audio ou gravação vídeo; no entanto, ao longo e articulado com esse corpo mínimo de texto, estariam ligados, através de ligações de hipertexto, um conjunto de informação sob o formato de tabelas, textos complementares, fotografias, vídeos, sons e outra informação multimedia.

Sendo que, por hipotese, este modelo permitiria:

1) antecipar o tipo de questões que iriam ser levantadas durante o processo de avaliação e de consulta publica, tanto por técnicos da Comissão de Avaliação como por cidadão com interrogações de diferente nível e profundidade técnico;

2) que a utilização de meios multimedia permite enriquecer a resposta, e assim explorar plenamente as potencialidades das novas TI para melhorar a comunicação de conceitos técnicos.



Modelo de aquisição de dados e conhecimentos

 

Para o modelo de aquisição de dados e conhecimentos seguiu-se o procedimento referido de entrevista às entidades e peritos acima descritos, por meios audiovisuais ou estritamente audio, como por recolha textual ou por computador, com base num formato-padrão de resposta, preparada para suportar descritores metadata, com extensões multimedia (ver quadro resposta-padrão, capitulo sobre o IMS).

Neste modelo foi adoptado o pressuposto de que a distribuição regular do questionário compilado aos diferentes elementos do painel bem como às diferentes entidades relacionadas com o projecto da ValorSul poderia permitir a qualquer instante não apenas resposta a algumas dessas perguntas e ao fornecimento de dados referentes a essa perguntas, como também a eventual rectificação ou sugestão de rectificação sobre a forma de formulação da pergunta, ou crítica à formulação da pergunta. Finalmente, foram recolhidos elementos vídeo e fotografia, através de cartas dirigidas a Câmaras Municipais e entidades relacionadas com os diferentes processos no tratamento de resíduos como a compostagem, a triagem, a reciclagem, etc., incluindo experiências de incineração e de outros processos de tratamento noutros países europeus, e.g. documentação extensa sobre a experiência com incineração de RSU da Dinamarca.

 



Modelo de utilização

 

O modelo de utilização considera as duas componentes do sistema, uma baseada na internet e outra baseada em microcomputador "stand-alone".

No que respeita á sua componente internet, foi adoptada a hipótese de que os utilizadores mostrariam algum padrão de utilização da Internet, tanto na formulação de perguntas através de correio electrónico como na frequência e na distribuição particular das suas visitas ao Website, pelo que

1) foi adoptado o principio de registar as mensagens email que foram incorporadas pelo próprio IPAMB (qualquer pergunta que foi dirigida e a respectiva resposta era colocada de novo na Internet, numa pagina da Web do IPAMB);

2) foi disponibilizado na Web (com o apoio e suporte da Valorsul) um conjunto de perguntas e de respostas, embora neste caso se restringisse ao conjunto de perguntas e de respostas cuja origem era ou o Estudo de Impacto Ambiental ou os próprios responsáveis da ValorSul. Este conjunto perguntas-respostas, sob a forma de um Website acessível através da Internet, teve incorporado com um contador de acessos a cada página;

3) para cada pergunta-resposta na Web, foi incorporada uma estrutura de sequência de perguntas que permitisse ao utilizador percorrer um caminho (devidamente assinalado) com alternativas de perguntas de natureza técnica, não técnica ou a meio-termo.

No que respeita ao modelo de utilização na sua componente micro-computador "desktop", foi implementado um programa ("software") protótipo que permite ao utilizador aceder a todo o conteúdo informativo recolhido e registado, com possibilidade de incluir os seus comentários e facilitar a sua própria compilação temática do material. Mais uma vez aqui, se pressupôs a hipótese de se observar algum padrão de consulta, que poderia ser dirigido tanto em termos da distribuição do tempo da consulta pelas diferentes áreas, como em termos do percurso de consulta utilizado. Para o efeito, foi incorporado no protótipo um mecanismo de "tacking" do percurso de utilização de cada utilizador, para permitir posterior análise.

Para efeitos de avaliação deste modelo hipotético padrão foi concebido um teste em situação controlada para complementar a recolha de relações e opiniões deste sistema. O teste inclui a recolha de opinião, um teste de conhecimento prévio à utilização do sistema (protótipo IMS), a utilização do sistema por um período mínimo de um quarto de hora, a realização após a utilização do mesmo teste de conhecimento e a recolha do mesmo teste de opinião. A audiência deste teste foram estudantes finalistas de Engenharia do Ambiente e estudantes do segundo e terceiro anos de Psicologia.


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